João Fênix por Samuel Kardos:
Dezembro de 1994
…É um absurdo que um estranho de marré mexa comigo dessa forma; eu mal sei de onde é, não imagino o que você pretende e nem mesmo sei se vais ficar; só sei que teu brilho é mágico, árido e me fascina; é franco e forte, me confunde.
Luz de lua, água de orvalho, céu de inverno/odor de selva. Barra de prata/arco de ouro, mármore negro e de repente areia fina, esparsa relva e desvairada com essência de jasmins, doce sopro de mistério, suavidade, fragilidade que é só força, uma meiguice de criança clemente de compreensão pra solidão do adulto consciente, uma dor imensa que a resignação a Deus foi convertendo em paz e amor à arte foi transformando em luta; e a felicidade de ser possuído por um anjo e num só fio de paixão cantar, falar de vida, o espírito solto voa sobre todos os segredos, esmaga todas as mágoas e ultraja nossos medos mais covardes e num sorrir, semeia uma coragem quase louca abrigando a qualquer um que esteja perto a fazer parte da altiva arte, uma arte corajosa, madura, forte, doce, porém agressiva, meiga, mas decidida.
Coisa esquisita, meu Deus! Você acorrenta as pessoas a si com esse olhar desprotegido que traduz em desespero um pedido de amor. Eu não sei, se você tem esse direito, mas já que o pai da música te deu esse poder, extrapola, abusa dele, continua seduzindo as pessoas, com a força com a qual você me seduziu e arranca delas tudo o que elas não têm coragem de enxergar, tudo o que elas têm medo de sofrer, toda vontade que elas têm de amar.
Vai estranho! Já que é essa a parte que te cabe neste latifúndio: segue, segue!